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O missionário da energia

Como o gaúcho Fábio Rosa está conseguindo disseminar o uso da energia solar entre moradores de baixa renda de regiões isoladas do Brasil

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Cosmos Ignite: lanternas de LED para mais de 100 000 consumidores até então

Por Juliana Borges | 20.08.2009 | 00h01

Até o final de 2008, a vida da família do agente comunitário de saúde Raimundo Alves Assunção não era lá muito iluminada. Moradores da comunidade de Maripá, que fica dentro da Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, no Pará, ele, a mulher e os quatro filhos só tinham energia elétrica em casa por cerca de 3 horas, três vezes por semana — graças a dois geradores movidos a diesel que abasteciam parte da comunidade. Em outubro, fez-se a luz para Assunção. Sua casa, às margens do rio Tapajós, passou a contar com um moderno painel solar — e ele agora tem luz o dia todo, a semana inteira. Nos últimos meses, outras 59 moradias do vilarejo aderiram à energia renovável. Com isso, não apenas as famílias mudaram seu estilo de vida — agora podem assistir à televisão à noite — como economizaram dinheiro. Para ter acesso à energia mambembe dos geradores, Assunção gastava cerca de 70 reais por mês. Hoje, desembolsa 38 reais pelo aluguel dos painéis solares. O responsável pela melhoria da qualidade de vida das famílias de Maripá, e de outras centenas de moradores de outras regiões do Brasil, é o gaúcho Fábio Rosa. Aos 49 anos de idade, engenheiro agrônomo de formação, é ele quem criou e dirige o Instituto para o Desenvolvimento de Energias Alternativas e da Auto Sustentabilidade, (Ideaas), ONG criada em 1997, em Porto Alegre, que se dedica a levar energia limpa — e barata — a famílias da chamada base da pirâmide.

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O que Rosa vem fazendo é legitimar a tese de uma das maiores referências mundiais em estratégias para as populações de baixa renda, o americano Stuart L. Hart. Professor da Universidade Cornell, Hart prega que a sustentabilidade do planeta depende da convergência de duas revoluções que a economia mundial viu desabrochar na última década: a das tecnologias limpas e a da base da pirâmide. O raciocínio por trás dessa ideia é que são consumidores como Assunção, que não têm acesso às tecnologias tradicionais e ao conforto que elas oferecem, os que primeiro podem ser convencidos a adotar as tecnologias verdes — e, aos poucos, fazer com que elas ganhem escala. Para tristeza de Hart, porém, ainda são poucos os empreendedores que se arriscam a criar modelos de negócios que se encaixem em sua fórmula. E isso explica por que Rosa, um dos poucos a se aventurar nesse campo, se transformou numa espécie de celebridade. Ele já ganhou uma dezena de prêmios, como o de excelência em empreendedorismo social da Fundação Schwab, uma das mais respeitadas do mundo. Em um livro publicado pela Harvard Business School, o Business Solution for the Global Poor (“Soluções de negócios para combater a pobreza global”, numa tradução livre), Rosa foi apontado como o criador de um dos modelos mais inovadores em energia no mundo. Também deu palestras nas escolas de negócios das universidades Stanford e Yale e, por quatro anos seguidos, para grupos de executivos de empresas de países ricos durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos. “É possível que Rosa seja hoje a pessoa no mundo que mais entende de energia limpa e base da pirâmide”, diz Claudio Sanches, diretor do Itaú Unibanco e conselheiro da Ashoka, ONG que financia empreendedores sociais em diversos países.

Aos poucos, a fama de Rosa começou a atrair grandes corporações interessadas em fazer parcerias. Depois de dar uma palestra em Lisboa para o grupo de energia português EDP, ele foi convidado a ajudar a Fundação EDP a levar energia solar para o campo de refugiados de Kakuma, no Quênia. Localizado no noroeste do país africano e a cerca de 1 000 quilômetros da capital, Nairóbi, o campo abriga mais de 50 000 pessoas que vivem em condições precárias. “Visite a pior favela no Brasil e ela se parecerá com um condomínio decente perto de Kakuma”, diz Rosa. Os refugiados não têm acesso à luz elétrica. Só para manter funcionando até as 10 da noite toda a estrutura de ajuda humanitária — hospitais, aeroporto, escolas, escritórios, armazéns para estocagem de comida e alojamentos, entre outras dependências — são consumidos diariamente cerca de 1 500 litros de óleo diesel. Esse combustível chega a Kakuma ao custo médio de 2,5 dólares o litro. Rosa calculou que, para cobrir todo o campo com painéis solares — que iluminariam inclusive as barracas dos refugiados –, seria necessário um investimento superior a 5 milhões de euros. Se bem-sucedido, o projeto — que deve ser executado ao longo dos próximos quatro anos — servirá de modelo para outros campos espalhados pelo mundo. “Kakuma tem sol forte e temperatura média de 45 graus”, diz Rosa. “É inconcebível que viva no escuro.”

As primeiras experiências de Rosa no campo da energia começaram na década de 80, quando ele criou um método de eletrificação para as zonas rurais do Rio Grande do Sul que custava cerca de 400 dólares por domicílio — um valor até 20 vezes menor do que o modelo usado até então. Hoje o programa do governo federal Luz para Todos usa essa tecnologia. Seu desafio agora é fazer com que o projeto de energia solar ganhe escala semelhante. A Ideaas já instalou 300 painéis solares para famílias de baixa renda que moram em lugares remotos, como na reserva Tapajós-Arapiuns. Outros 150 painéis foram colocados na Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul. O número total de painéis instalados pela Ideass, porém, mostra que o avanço da ONG tem sido lento. “Só na Amazônia, calculamos que 3 000 famílias poderiam se beneficiar da tecnologia”, afirma Rosa. A explicação para esse ritmo é simples: quem paga pelos painéis, que tem custo unitário de cerca de 1 500 reais, é a própria Ideaas. E a instituição não consegue dar escala à operação apenas com o dinheiro dos aluguéis e das doações que recebe de empresas e de entidades, como o Itaú Unibanco, o Instituto HSBC Solidariedade e a Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional (Usaid). Vender os painéis em vez de doá-los não é uma opção. “Não faz sentido pedir a uma pessoa pobre que pague por um produto que ela vai demorar 25 anos para consumir”, diz ele. “Mesmo porque dificilmente ela terá esse dinheiro.” A Cosmos Ignite, empresa criada por empreendedores indianos e americanos da Universidade Stanford, pode se vangloriar de ter alcançado a escala com que Rosa tanto sonha. Ela desenvolveu em 2004 uma espécie de lanterna de LED que é abastecida com energia solar. De lá para cá, quase 100 000 unidades do produto foram vendidas em países como Nigéria, Guatemala e Paquistão. O aparelho custa cerca de 50 dólares e pode ser financiado em até cinco anos. “Existe um mercado enorme a ser explorado”, diz Rosa. “E muita gente está percebendo isso.”

Fonte: http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/0950/gestao/missionario-energia-492836.html?page=2

Grupo nos EUA quer que todo carro vendido no país seja flex

Segunda, 10 de agosto de 2009, 15h56

Fonte: Reuters News

A indústria de etanol dos Estados Unidos pediu que o governo torne obrigatório que todo veículo vendido no país possa rodar com misturas elevadas do biocombustível, como parte da estratégia de combater o aquecimento global e estimular o mercado de trabalho local.

A entidade Growth Energy, que representa a indústria de etanol nos EUA, informou que mais bombas de abastecimento contendo álcool e dutos exclusivos para a distribuição do produto no país também ajudariam na expansão do uso do combustível renovável.

“Nós temos um excesso de capital no momento que poderia ser investido em nossa indústria doméstica de combustíveis como o etanol”, disse Wesley Clark, co-diretor da Growth Energy, em uma teleconferência durante um evento sobre energia renovável em Las Vegas nesta segunda-feira.

“Nós temos trabalhadores desempregados. Adoraríamos colocar essas pessoas para trabalhar na indústria do etanol”.

Ainda que a maior parte do etanol norte-americano seja produzido a partir do milho, o governo do país decretou a mistura de 100 milhões de galões de etanol celulósico na gasolina a partir de 2010.

O etanol celulósico, também chamado de etanol de próxima geração, pode ser feito com materiais não utilizados para alimentação, como restos de madeira, palha e mesmo o bagaço de cana.

Nos EUA, companhias estão competindo para colocar primeiro esse tipo de combustível no mercado, a um custo competitivo.

Os veículos precisariam de pequenas mudanças nos equipamentos para lidar com misturas especiais de combustíveis de até 85% de etanol e 15% de gasolina.

A Growth Energy também está lutando para elevar o limite do nível permitido de etanol na gasolina regular de 10% para 15%.

O setor automotivo alerta que uma mistura tão elevada em carros mais antigos pode não ser boa para o funcionamento do veículo e pediu para as agências reguladoras não aprovarem o aumento da mistura de álcool na gasolina tradicional.

No Brasil, por exemplo, a gasolina recebe acréscimo de 25% de álcool.

A Agência de Proteção Ambiental (APA) tem até 1º de dezembro para decidir se permitirá uma mistura maior de etanol além do E10 na gasolina regular.

Fonte: http://br.invertia.com/noticias/noticia.aspx?idNoticia=200908101856_RTR_1249930564nN10468758&idtel=

Lixo produz nova rede de abastecimento

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04-08-200918:03h

Vila Nova de Gaia vai ser palco da primeira central de biometano do país, produzindo combustível com as características do gás natural 

Vai ser criada, já este ano, a primeira central de biometano de Portugal, permitindo a transformação de biogás, numa fonte que poderá criar, no futuro, uma nova rede de abastecimento para o sector automóvel, com as características do gás natural.

 «Estima-se que o biometano possa vir a representar cinco por cento do consumo total de gás natural em Portugal, o que corresponderia a uma poupança significativa de custos com a importação daquele combustível fóssil», salientou Nuno Afonso Moreira, professor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), parceira na iniciativa.

A unidade de melhoramento e limpeza de biogás, combustível feito a partir de resíduos orgânicos, como por exemplo cascas de fruta, estrume ou lixo doméstico, foi considerada Projecto de Interesse Nacional e vai nascer em Sermonde, no concelho de Vila Nova de Gaia.

As vantagens são «ambientais», explicou ao «i», o professor da UTAD. A central promete ser uma solução para o problema de integração das renováveis no mercado do gás natural, contribuindo para a meta da Comissão Europeia, de converter em energia limpa, dez por cento dos consumos no sector dos transportes até 2020.

Espera-se que em Sermonde, a partir de 2011, se verifique uma produção de 1,7 milhões de metros cúbicos por ano. Há no entanto uma meta ambiciosa a atingir, correspondendo a 60 milhões de metros cúbicos de biometano por ano, até 2012, o que representa 1,5 por cento do total de gás natural importado.

Com este aproveitamento e tratamento do biogás, poupa-se a atmosfera das emissões de metano em aterros, que são 23 vezes mais nocivas que o dióxido de carbono, mas também das de CO2, «que ocorreriam pela utilização do gás natural, de origem fóssil», explicou Nuno Afonso Moreira.

Considerado «gás natural renovável», o biometano já se consome nos países como EUA, Alemanha ou Suécia.

É de destacar que um metro cúbico de biometano equivale a um litro de gasolina

Prevê-se um investimento global de 500 milhões de euros no sector e a criação de 1500 postos de trabalho.

Fonte: http://diario.iol.pt/ambiente/gas-natural-lixo-biogas-vila-nova-de-gaia-biometano-tvi24/1080078-4070.html

Volt da GM fará 98 quilômetros por litro

Modelo da montadora americana entra na disputa com o Prius, da Toyota

 

| 11.08.2009 | 15h19

O discurso ambiental continua a influenciar a indústria automobilística. Agora, na briga pelo mercado de carros ecologicamente corretos, a General Motors anunciou que o modelo elétrico Volt – movido por um motor elétrico e uma bateria com 65 quilômetros de autonomia — fará 98 quilômetros por litro na cidade.

Até hoje, o modelo verde mais vendido do mundo é o híbrido Prius, da concorrente Toyota, lançado em 1997 e com mais de 1 milhão de unidades vendidas em todo o mundo. O carro da montadora coreana, no entanto, faz apenas 20 quilômetros por litro.

O Volt é uma dos principais investimentos da montadora para recuperar a fatia do mercado que perdeu desde que seus problemas financeiros se intensificaram com a crise mundial. Os primeiros veículos Volt devem ser postos à venda já no ano que vem, cada um avaliado em 40.000 dólares. Até 2011, a GM pretende lançar 25 unidades para venda. Tanto investimento tem explicação: especialistas acreditam que esses modelos podem responder por 10% da venda total de veículos nos próximos quatro anos. Apesar das poucas unidades, a GM pretende reforçar sua imagem de “empresa verde”, enquanto tenta colocar as contas em dia depois da recente saída da concordata.

A nova direção da GM disse que vai trabalhar para levar os produtos ao mercado o mais rápido possível. O presidente executivo da montadora, Fritz Henderson, disse que ainda é preciso buscar um fluxo de caixa positivo no ano que vem, além de estabelecer uma meta de lucro para 2011.

A rede elétrica inteligente

A junção da tecnologia digital com a infraestrutura de energia vai movimentar um setor da economia que há muito tempo não sabe o que é inovação

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Centro de São Paulo: o setor elétrico vai viver sua maior inovação desde Thomas Edison

 

Por Luiza Dalmazo | 23.07.2009 | 00h01

Um dos nomes chamativos para as redes de nova geração é “internet da eletricidade”, mas talvez o nome mais preciso seja “internet das coisas”. A instalação dos novos medidores será somente o primeiro passo. A consequência natural será a integração de todos os aparelhos que são ligados na tomada. Hoje, quem recebe uma conta de luz pode comparar o consumo de um mês em relação a outro somente no valor a ser pago ou então em quilowatt-hora, um dado que faz pouco sentido para a maioria dos mortais. As informações que todos gostariam de ter são outras: quanto gasto por mês com meu chuveiro? Qual é o custo mensal que tenho com o aquecedor elétrico nos meses de inverno? Quanto poderia economizar se aumentasse em meio grau a temperatura da geladeira?

Os cenários futuristas vão muito além disso. Conectada à empresa elétrica, a própria lava-louça pode começar a funcionar somente no horário em que a energia estiver com o melhor preço. Outra possibilidade: usar a energia armazenada na bateria do carro elétrico para abastecer a casa caso os preços estejam altos demais. Até mesmo a cogeração de energia pode se espalhar com a ajuda das redes inteligentes: residências ou empresas equipadas com painel solar venderiam para o sistema a energia gerada e não utilizada. Tudo isso ainda vai levar muitos anos para acontecer, é claro. Mas algumas mudanças poderão ser percebidas logo. “Temos de pensar numa evolução, não em revolução”, diz John O’Farrel, vice-presidente da SilverSpring Networks. “A comparação ideal é com a internet. Ela começou devagar, no fim dos anos 90. Havia poucos serviços, o acesso custava caro e assim por diante. Hoje, está em toda parte. Com as redes inteligentes vai acontecer o mesmo.” 

Um dos nomes chamativos para as redes de nova geração é “internet da eletricidade”, mas talvez o nome mais preciso seja “internet das coisas”. A instalação dos novos medidores será somente o primeiro passo. A consequência natural será a integração de todos os aparelhos que são ligados na tomada. Hoje, quem recebe uma conta de luz pode comparar o consumo de um mês em relação a outro somente no valor a ser pago ou então em quilowatt-hora, um dado que faz pouco sentido para a maioria dos mortais. As informações que todos gostariam de ter são outras: quanto gasto por mês com meu chuveiro? Qual é o custo mensal que tenho com o aquecedor elétrico nos meses de inverno? Quanto poderia economizar se aumentasse em meio grau a temperatura da geladeira?

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Os cenários futuristas vão muito além disso. Conectada à empresa elétrica, a própria lava-louça pode começar a funcionar somente no horário em que a energia estiver com o melhor preço. Outra possibilidade: usar a energia armazenada na bateria do carro elétrico para abastecer a casa caso os preços estejam altos demais. Até mesmo a cogeração de energia pode se espalhar com a ajuda das redes inteligentes: residências ou empresas equipadas com painel solar venderiam para o sistema a energia gerada e não utilizada. Tudo isso ainda vai levar muitos anos para acontecer, é claro. Mas algumas mudanças poderão ser percebidas logo. “Temos de pensar numa evolução, não em revolução”, diz John O’Farrel, vice-presidente da SilverSpring Networks. “A comparação ideal é com a internet. Ela começou devagar, no fim dos anos 90. Havia poucos serviços, o acesso custava caro e assim por diante. Hoje, está em toda parte. Com as redes inteligentes vai acontecer o mesmo.” 

Fonte: http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/0948/tecnologia/rede-eletrica-inteligente-485838.html?page=2

O que falta para o biodiesel decolar no Brasil

Empresas do setor têm capacidade para produzir 340 milhões de litros por mês, mas usam pouco mais de um terço disso

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Laboratório da Brasil Ecodiesel, produção de biodiesel.

 

Por Giseli Cabrini | 05.08.2009 | 08h30

Segundo empresários e especialistas no setor, os gargalos que impedem que o mercado de biodiesel cresça são: 1) a falta de uma matéria-prima vegetal viável para a expansão acelerada do programa; 2) o sistema de leilões de compra de biodiesel realizados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP); 3) a indefinição sobre o papel da Petrobras no setor de biodiesel; e 4) a entrada de investidores demais no setor em um curto espaço de tempo, o que deve manter o excesso de capacidade de produção nos próximos anos.

No caso do biodiesel, em que os motores já estão adaptados, o único problema que se repete é o de desenvolver a cadeia logística para o transporte do combustível das usinas até as refinarias da Petrobras onde será feita a mistura ao diesel. Esse é um desafio relativamente pequeno, no entanto, quando comparado ao de diversificar a base de matérias-primas para a produção do biodiesel. Hoje 80% da produção tem como origem o óleo de soja. “Das cinco matérias-primas tradicionais definidas pelo programa do governo para servir de base para o biodiesel [mamona, algodão, girassol, dendê e soja], apenas a soja tem sustentado, na prática, o projeto”, afirma o chefe de Comunicação e Negócios da Embrapa Agroenergia, José Eurípedes da Silva.

O efeito nocivo da dependência quase exclusiva da soja não está relacionado à oferta de matéria-prima. “Temos uma oferta abundante de soja, que ocupa a maior área plantada entre todas as culturas no Brasil”, diz o analista Bruno Boszczowki, da consultoria Agra FNP. Segundo especialistas, um eventual risco de escassez só ocorrerá no Brasil quando o percentual da mistura de biodiesel ao diesel dobrar dos atuais 4% para 8%.

O primeiro problema da soja é sua baixa produtividade. Só 18% de cada grão pode ser usado para fazer óleo – o resto vira farelo para alimentação de animais. “Então, se aumentássemos a produção de soja para abastecer o mercado de biodiesel, estaríamos gerando quatro vezes mais farelo. Isso significaria ração mais barata para frangos e suínos, entre outros”, afirma o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e especialista em biodiesel, Donato Aranda (Continua).

Fonte: http://portalexame.abril.com.br/economia/falta-biodiesel-decolar-brasil-489653.html

A nova obsessão verde

Nobre Seguidores do Supercarbonoativar,

sei que ando meio sumido mas pretendo voltar a postar. Segue um interesante matéria que saiu na Exame sobre monitoramento de uso de água na indústria.

Boa Leitura

A nova obsessão verde

Depois de calcular as emissões de carbono, agora as empresas correm para rastrear o uso de água em seus produtos desde a matéria-prima até o consumidor final`
Ted S. Warren/AP
 
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Loja da Starbucks, em Seattle: rastreamento completo até o final deste ano

 

Por Serena Calejon | 09.07.2009 | 00h01

Revista EXAME –

Nos últimos anos, a onda verde transformou uma expressão quase incompreensível em algo corriqueiro dentro de muitas empresas – a contagem de emissões de carbono. É comum hoje encontrar exemplos de cálculos meticulosos de gases de efeito estufa jogados na atmosfera até mesmo em atividades cotidianas, como viagens aéreas de executivos. Na busca para reduzir o próprio impacto ambiental, porém, já não basta diminuir (ou mesmo neutralizar) essas emissões. A nova obsessão das empresas é rastrear o consumo de água envolvido na produção de um bem. Como era de esperar em se tratando desse mercado, a tendência vem acompanhada de um conceito um tanto obscuro: água virtual. A nova bandeira dessa corrida sustentável foi levantada para valer em abril pela Raisio, fabricante de cereais finlandesa, com faturamento de 500 milhões de euros em 2008. A Raisio não apenas mediu o uso de água para a produção da linha Elovena – dos campos de aveia ao supermercado – como também se tornou a primeira companhia no mundo a estampar em sua embalagem o número de sua “pegada” (jargão que no mundinho verde significa o impacto ambiental de uma empresa). Segundo a Raisio, para fabricar 100 gramas de aveia em flocos são consumidos, ao longo de toda a cadeia de produção, 101 litros de água. “Boa parte dos consumidores ainda não entende o conceito”, disse a EXAME Pasi Lähdetie, vice-presidente de comércio de grãos da Raisio. “No futuro, porém, será algo tão compreendido como o carbono.”

A primeira dificuldade da empreitada é que, ao contrário das emissões de carbono, não há modelos prontos disponíveis para ser seguidos. Em dezembro, uma rede mundial de ONGs, cientistas e cerca de dez empresas criou a Water Footprint Network para discutir pela primeira vez uma metodologia única para a avaliação da água virtual. As companhias que já começaram a estimar a quantidade do recurso utilizado nas cadeias de produção, portanto, criaram os próprios métodos dentro de casa a partir do ponto zero. No caso da Raisio, o processo levou cerca de três meses e exigiu uma equipe de seis funcionários de áreas distintas (entre fábrica e relacionamento com fornecedores), além de um consultor externo, que já havia ajudado a empresa na determinação da pegada de carbono. Trata-se de uma tarefa complexa, sobretudo porque o levantamento considera informações que estão fora da empresa. Parte do trabalho incluiu visitas a produtores atrás de informações, como o tipo de fertilizante usado na preparação do solo. Por enquanto, a única medida prática tomada pela companhia finlandesa foi colocar a informação na embalagem dos produtos. “O próximo passo é reduzir nosso consumo”, afirma Lähdetie.

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Eis aí uma etapa tão ou mais complexa que o cálculo do rastro ambiental. Os estudos da Levi Strauss, por exemplo, mostraram que apenas 6% do consumo de água estava associado aos processos industriais da empresa. A maior parte do recurso é consumida pela agricultura do algodão (49%) e pelo pós-consumo (45%) nas lavagens das roupas. “Percebemos que, para levar adiante o compromisso com a sustentabilidade, era preciso agir no ponto extremo da cadeia, sobretudo com agricultores, e não apenas no processo industrial, onde estávamos focados até então”, afirma Colleen Kohlsaat, gerente de sustentabilidade da Levi Strauss. “O desafio é que temos uma capacidade menor de influenciar esses extremos do que temos de agir em nossas próprias operações.” Na prática, a constatação levou a empresa a investir em parcerias com ONGs como a Better Cotton Initiative, que atua na educação de agricultores do setor algodoeiro, para adotar técnicas com menos impacto ambiental. A Coca-Cola tomou a mesma decisão ao incentivar métodos literalmente mais enxutos de produção de beterraba e cana-de-açúcar, usados como matéria-prima na composição dos refrigerantes.

Diferentemente do que ocorre com as emissões de carbono, que podem ser compensadas com a compra e a venda de créditos, num mercado já estruturado, o sistema de compensação da pegada de água ainda é nebuloso. Por isso, muitas empresas estão criando as próprias regras. Uma delas é a Pepsico. A companhia iniciou um projeto em lavouras de arroz da Índia, no qual substitui a tradicional irrigação por alagamento por uma técnica capaz de reduzir 30% do uso de água (o arroz é usado na fabricação de alguns salgadinhos). Segundo a empresa, se estendesse a área dedicada ao novo sistema de plantio dos atuais 400 hectares para 2 000 hectares, a economia gerada seria capaz de compensar toda a água usada pelas três fábricas da Pepsico na Índia. “Uma mudança pequena pode ter um impacto enorme”, diz Dan Bena, diretor de desenvolvimento sustentável da Pepsico. Os especialistas, no entanto, são mais céticos. “No caso da água, não há como compensar os danos”, afirma o professor Hoekstra. “A não ser que você reponha água na mesma qualidade, quantidade e exatamente no mesmo local, não existe como neutralizar seu impacto.”

Em alguns pontos do planeta, a falta de água já é um problema concreto para muitas empresas. Há dois anos, a fabricante de cerveja sul-africana SABMiller identificou que 30 de suas fábricas estavam em regiões que corriam risco iminente de falta de água. Uma das operações mais arriscadas era a da Tanzânia, onde o uso excessivo das reservas subterrâneas por indústrias locais estava reduzindo a quantidade e piorando a qualidade das fontes de água potável. A saída foi iniciar um programa de reutilização do recurso na unidade. Em novembro, a cervejaria anunciou a meta de cortar 25% de seu consumo de água em todas as suas 139 fábricas até 2015. A medida representará uma economia de 20 bilhões de litros de água por ano – e pode determinar a própria perpetuação de seu negócio.

 

Fonte: http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/0947/gestao/nova-obsessao-verde-482549.html